sábado, 27 de março de 2010

Coesão Social e Caso Nardoni.

Recentemente a mídia tem focado extremamente um caso que trouxe muita indignação ao país, o famoso caso Nardoni, onde uma menina de 5 anos morreu após cair da janela do apartamento onde morava no sexto andar de um prédio. Com o começo das investigações todas as provas se voltaram ao pai e a madrasta, e a mídia fez seu papel de “divulgar”, tal divulgação se tornou intensiva e o caso tomou uma proporção imensa, proporção essa que tornava impossível ligar a televisão e não assistir à noticias sobre o caso Isabella Nardoni.

O povo brasileiro clamou por justiça, os culpados estão presos! O pai da vitima, e autor principal do delito pegou a pena máxima do país - 30 anos de cadeia – ou melhor oito em regime fechado ou seja – 8 anos de cadeia. Mas será que se o caso não tivesse tomado esta proporção que a mídia concebeu teria ocorrido o mesmo efeito?

Primeiramente não podemos trabalhar com “se”, só trabalhamos com fato. Em segundo lugar e mais importante de se pensar é que ocorreu uma fortíssima coesão social por parte da mídia, e como toda coesão essa também tem por finalidade a promoção da união e moralidade da sociedade.

Mas até que ponto essa coesão é boa ou é ruim?

Oh! E agora? Quem poderá nos defender?

Beethoven Simplício Duarte.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Esquerda ou Direita?

Esquerda ou direita? Pra que lado eu vou? Na política este questionamento tem muito poder. Esquerda e/ou direita se diz respeito a posicionamento ideológico na política, é a divisão clara entre quem se posiciona do governo, ou seja da situação (direita) e quem crítica o poder (esquerda).

Tais termos surgem no período da revolução Francesa de 1789, quando no parlamento nacional se dividia desta forma onde a burguesia enfrentava dentro da Assembléia a oposição da aristocracia, cujos deputados ocupavam o lado direito de quem entrava no recinto de reuniões, e também dos democratas, que ocupavam o lado esquerdo, as maiores dificuldades estavam fora da Assembléia. À extrema direita, o rei e a aristocracia se recusavam a aceitar qualquer compromisso. À extrema esquerda, a pequena e média burguesia sentiam-se lesadas e enganadas.

O Iluminismo trouxe varias questões de posicionamento e o surgimento das doutrinas sócio–econômicas, dentre elas o socialismo e o liberalismo econômico, fundamentais para a consolidação das demais doutrinas sócio-econômicas modernas enquanto doutrinas.

Para nós entendermos estas duas doutrinas deveremos partir da principal diferença de ambas, o liberalismo econômico defende por principio o livre mercado e o direito a propriedade privada, tais características de pensamento surge junto com as revoluções burguesas do séc. XVII e XVIII (revolução Mercantil, Revolução francesa e revolução Industrial).

Todos os ideais liberais (livre mercado e o principio da propriedade privada) são frutos de um pensamento classicista burguês, onde procura legitimar sua posição como classe dominante. Pelo contrário, a classe trabalhadora, assim como boa parte da nobreza que perdera o poder idealiza outra teoria sobre a sociedade; pautada na possibilidade de um estado mais justo, onde a classe proletária pudesse tomar o poder e eliminar a propriedade privada, passando os meios de produção às mãos do estado, tal teoria se reconhece como socialismo.

Beethoven Simplício Duarte.

quarta-feira, 17 de março de 2010

A ética Protestante e o espírito do capitalismo

Considerado a grande obra de Weber, “A ética protestante e o espírito do capitalismo” é nada mais nada menos do que um dos livros fundamentais para o estudo da teoria sociológica clássica.

Max Weber, como um dos teóricos que se debruça sobre o problema da elaboração de uma nova ciência quanto a seu método e seu objeto, preocupasse também com o fato da ciência ser legitimada como tal, na introdução de sua obra ele diz: “Apenas no ocidente existe a ciência num estágio de desenvolvimento considerado valido”.

Weber é o primogênito de oito filhos, membro de uma família protestante, sua mãe uma mulher introspectiva e altamente moralista, seu pai era jurista e político, Weber possui uma vasta formação, passando pelo campo do Direito, filosofia, teologia e história.

Apesar de ser contemporâneo de Durkheim, não há registro que os dois tenham se conhecido, já Karl Marx, que não conhecera Weber pelo fato de ambos terem pertencido a gerações diferentes foi, no entanto fruto de bastante discussão, quanto ao fato de ambos trabalharem sobre o tema da florescência do capitalismo principalmente no estado alemão que é seu estado de origem.

Nesta obra a história do capitalismo é contada a partir do desenvolvimento da ética protestante. Esta ética, surgida no contexto da Reforma protestante como crítica do Catolicismo, propunha uma forma de religiosidade diferente, mais espiritualizada.

O ponto principal de divergência entre a ética protestante e a católica está em sua concepção de salvação: ao contrário das doutrinas católicas, o protestantismo não considera que as boas ações do sujeito como a caridade possam importar em sua salvação como fator fundamental. Ao contrário, esta salvação está garantida ou não por Deus, independentemente do comportamento do sujeito, a base da salvação está contida no fato de reconhecer Deus como salvador.

Os desígnios divinos estão absolutamente fora do alcance de qualquer ser humano. Entre Deus e os homens, não há qualquer mediação - mesmo a Igreja não possui qualquer contato especial com Ele. Daí porque também, no protestantismo, toda vida religiosa que antes era coletiva (na Idade Média católica) torna-se essencialmente individual.Nesse sentido, o protestantismo:

1. Separa radicalmente o homem de Deus, já que os desígnios dele não podem ser conhecidos pela limitada mente humana;

2. Desenvolve a teoria da Predestinação (já que não podemos agir moralmente e assim garantir a salvação, só podemos imaginar que alguns são predestinados à salvação, embora não possamos nos certificar de quais são os escolhidos);

3. Como substituto à idéia católica das boas ações que garantem a salvação, cria-se a idéia de que o sucesso na vida mundana é um sinal de que se é predestinado. Com isso, o protestantismo cria uma ética inteiramente nova: a ética do trabalho.

Beethoven Simplício Duarte.

domingo, 7 de março de 2010

Sociedade como sacrificio

Basta passar os olhos pelo noticiário ou observar a vida cotidiana para notar que algo desafina no plano das instituições. A insatisfação com elas é difusa. O mal-estar dentro delas, indisfarçável. Elas nos desagradam, aborrecem-nos ou não nos inspiram confiança, seja na política (partidos, Casas legislativas), na educação (escolas, universidades) e na segurança pública (polícia, presídios), seja na economia (empresas, mercados) e na vida associativa primária, na família.

Precisamos de sociologia para discutir o ponto. Não dá para achar que as instituições falham porque são defeituosas, mal dirigidas ou mal organizadas.

Nossa época está atravessada por três processos que se superpõem, potencializando a globalização, a conectividade geral e o ritmo veloz que imperam por toda parte. As sociedades modernas estão sendo gradativamente reconfiguradas, antes de tudo, pela individualização: os indivíduos se "soltam" dos grupos, que sobre eles exercem cada vez menos poder e controle. Soltando-se dos grupos, soltam-se também das instituições. A individualidade tornou-se um valor inestimável, tanto no sentido da privacidade quanto no sentido da "autonomia moral", do pensar e decidir com a própria cabeça. E muitos desses indivíduos individualizados se tornam individualistas, egoístas, indiferentes aos demais.

Individualização, individualidade e individualismo tornaram-se, assim, condições estruturais. Combinados com os demais traços da época, explicam muitos dos dilemas associativos atuais, que refletem um quadro de "dessolidarização". As instituições não funcionam bem porque não conseguem incluir, congregar e coordenar os indivíduos, que delas escapam ou a elas se tornam indiferentes. Os indivíduos necessitam delas, mas são levados a viver como se seguissem uma carreira-solo, alheios a vínculos e compromissos coletivos.

Nem sequer na dimensão privada da vida as coisas estão ajustadas. O alto índice de divórcios, os crimes passionais hediondos e os novos formatos de família e relacionamento revelam que certos equilíbrios foram perdidos, mas também sugerem a presença de um maior desejo de liberdade. Conservadores e tradicionalistas, com maior ou menor dose de ingenuidade, acreditam que tudo se deve à degradação dos costumes, que se recuperariam caso a ordem e o rigor moral voltassem a prevalecer no seio das famílias. Para eles, o desejo de liberdade é subversivo e precisa ser contido.

Devemos pensar com cuidado. A vida coletiva não se esgotou, nem as pessoas e os grupos andam às tontas pelo mundo. Todos sabem que uns precisam dos outros e que todos precisam de limites e coordenação, mas a tendência prevalecente indica que o poder das instâncias coletivas se reduziu. Ele continua a existir, evidentemente, mas não porque o coletivo forneça direção e identidade a seus integrantes ou aumente a potência deles como sujeitos, e sim porque lhes possibilita reforçar demandas e posições.

Ao perderem o hábito de valorizar o coletivo, as pessoas tendem a se ver mais como "vítimas" do que como beneficiárias da vida em sociedade. Elas estão, de fato, sobrecarregadas de pressões e de problemas e não têm muito com quem dividir isso. Nem sequer o trabalho e o emprego - esses trunfos categóricos do gênero humano - conseguem hoje organizar as pessoas. É compreensível que sintam o coletivo como um fardo, que se deve suportar com abnegação ou asco.

A vontade de ser livre e independente, de pensar com autonomia e criar as próprias regras, introjetou-se na consciência social. Ganhou impulso com as transformações que vêm atingindo as sociedades contemporâneas. Animada e embaralhada pela possibilidade que se tem hoje de se fazer tudo, ou quase, acabou por dissolver a percepção do social.

Mas a vida coletiva continua a existir e, nessa medida, continua a exigir que se aceitem regras e se coopere. Isso implica ao menos duas coisas.

Numa dinâmica tradicional, ou estruturalmente autoritária, implica o sacrifício do indivíduo e de seus desejos, o silêncio e o bloqueio de sua mobilidade. O grupo prevalece unilateralmente sobre as pessoas, monitorando-as sem apelação. É um sacrifício imperceptível, mas nem por isso menos real, já que o indivíduo nem imagina a possibilidade de escapar à regra e sofre as limitações como um "fato natural".

Numa dinâmica social moderna, diferenciada e democratizada, como a nossa, implica o sacrifício do individualismo, a capacidade de compreender o todo, assumir as próprias responsabilidades e contribuir para a organização justa do coletivo. Os indivíduos prevalecem sobre os grupos, porque podem fazer escolhas sem consultá-los ou pedir licença. É um sacrifício complexo, consciente e responsável, que exige altas doses de reflexividade, espírito cooperativo e disposição para o diálogo, sob pena de projetar a comunidade para o caos ou a impotência.

Aceitar a presença de minorias ideológicas ou corporativas, por exemplo, exige o sacrifício da vontade de potência das maiorias, silenciosas ou não, do mesmo modo que a liberdade de ação das minorias exige, da parte delas, o respeito às regras básicas de convivência e aos direitos dos indivíduos. O reconhecimento do direito de uns pressupõe o igual reconhecimento do direito de outros.

Encontrar um ponto de equilíbrio entre essas dimensões - o coletivo e o individual, as regras e a liberdade - é um desafio permanente, que se mostra tanto mais complicado quanto mais as sociedades se diferenciam e se individualizam. Em sociedades desse tipo não se pode vencer categoricamente, com a marginalização dos dissidentes, e nenhuma conquista pode ser obtida na base da força ou da violência (física ou verbal). A argumentação persuasiva, a tolerância e a ação política inteligente são os únicos recursos dos sujeitos políticos. Nelas, a ordem silenciosa e o ruído caótico bloqueiam a democracia e funcionam como empecilhos igualmente perversos para a mudança.

Marco Aurélio Nogueira

quarta-feira, 3 de março de 2010

Positivismo


"Amor como princípio e ordem como base; o progresso como meta", esta frase lhe lembra alguma coisa? O que? Parece com nossa bandeira nacional não é? “Ordem e Progresso”. Não é mera coincidência, o positivismo influenciou bastante a construção do estado nacional brasileiro, mas afinal o que é positivismo?

Positivismo é uma doutrina de pensamento que tem como uma de suas principais características a utópica busca de verdades absolutas através do rigor do método.

O principal expoente do positivismo fora Auguste Comte, considerado por muitos o pai da sociologia, o mesmo desenvolveu o método positivo que consiste basicamente na realização da observação dos fenômenos, onde todo ou qualquer racionalização, crença ou outros tipos de ideologia estariam descartados e o que importaria era os dados positivos, ou seja o que é concreto, material ou sensível.

Auguste Comte pensava no conhecimento através de três estágios, que se dividem segundo uma ordem de evolução crescente: teológico, ou seja, o conhecimento ligado a religião e a seus dogmas incontestáveis; metafísico – que representa o conhecimento oriundo da razão e da filosofia; e por fim e segundo Auguste Comte o estágio mais evoluído do conhecimento – o estágio positivo – que representa a visão da ciência positivista.

Hoje, o positivismo se torna um tanto inconveniente se pensar na sociologia, pois na pesquisa sociológica não há verdades absolutas.

Beethoven Simplício