terça-feira, 25 de maio de 2010

Platão e Maquiavel

O italiano Nicolau Maquiavel, autor de o príncipe(1513), é considerado o primeiro teórico sobre o poder pautado em uma forma ética fora dos padrões cristãos, e mantendo uma crítica a Platão, que acreditava que o poder deveria está na mão de um rei filosofo, ou seja, um único homem que seria ético o suficiente para manter o bom funcionamento da comunidade.

Maquiavel pensa que, os conceitos de bom e mal não servem para a política, tudo isso é uma construção humana histórica, a prática política não deve ser pautada no bem ou no mal, e sim na boa governabilidade, no bem estar comum e na manutenção do poder. Esta forma de poder o autor chama de república (termo também usado por Platão), seria uma forma de poder pura, onde o mesmo poderia está na mão de um ou de varias pessoas. O autor concorda com Platão quando diz que concorda que um único indivíduo bem intencionado seria o melhor governante, no entanto, o que os dois autores querem dizer com “bem intencionado” são duas coisas diferentes. O individuo bem intencionado detentor do poder seria o ‘déspota esclarecido’, que para Platão seria o rei filosofo preocupado com o bem estar e a promoção do bem. Em Maquiavel o déspota é o príncipe, preocupado com uma boa governabilidade e na manutenção da ordem e do poder.

Formas de Governo segundo Maquiavel

Formas

Pura

Impura

Um

Monarquia

Tirania

Poucos

Oligarquia

Aristocracia

Vários

Democracia

Politéia

Quanto as formas de poder, a republica seria a forma mais perfeita para ambos, mas a visão de mundo sobre as formas de pdoer dos autores são diferentes, Maquiavel faz a diferenciação de formas puras e impuras

§ Pura: Governar para o bem Geral;

§ Impura: Governar para o bem individual ou um grupo;

Maquiavel não faz distinção dessas formas de poder quantoa ser melhor ou pior, o mesmo só aconselha que em momentos diferentes exista o uso das formas.

Platão pensa as formas de poder de uma forma hierárquica, da mais nociva a melhor forma:

No livro IX da republica, o autor descreve as transformações que as formas de governo podem sofrer e recapitular as regras do estado, onde os governantes, assim como os soldados e atletas, possuirão tudo em comum (mulheres, filhos, casas e educação).

A forma ideal de governo é a aristocracia , comandada por aqueles que amam o saber, o bem e o justo. Mas, se tudo o que nasce está sujeito à corrupção, nem uma constituição como essa permanecerá para sempre, há de dissolver-se. O amor à justiça é substituído pelo amor ao poder e à riqueza; assim, ocorrerá a Timocracia, “uma forma de governo entre a aristocracia e a oligarquia” (Sócrates). A esta sucede a oligarquia, governo dos que amam o dinheiro Ao legislar em favor só de uma classe, a dos ricos, esta forma de governo causará a cisão do Estado: “É que um Estado desses não é um só, mas dois... o dos pobres e o dos ricos, que habitam no mesmo lugar e estão sempre a conspirar uns contra os outros” Termina o amor à virtude. O Estado entra em luta consigo mesmo: um partido de poucos muito ricos e outro de muitos pobres estarão em guerra, prevalecendo o último: “A democracia surge... quando após a vitória dos pobres, estes matam uns, expulsam outros, e partilham igualmente... o governo e as magistraturas, e esses cargos são, na maior parte, tirados à sorte. Tendo a liberdade por base, na democracia ocorrerá a ausência de qualquer exigência e o desprezo pelos princípios. A democracia conduz à anarquia: “Estas são as vantagens da democracia: uma forma aprazível, anárquica, variegada, e que reparte a sua igualdade do mesmo modo pelo que é igual e pelo que é desigual”(Platão). Ao exasperar a liberdade como bem supremo, “eliminam-se até as diferenças impostas pela natureza e, assim, a liberdade em excesso não conduz a mais nada que não seja a escravatura em excesso, quer para o indivíduo, quer para o Estado”. E dessa forma surge a Tirania: do cúmulo da liberdade surge a mais completa e mais selvagem das escravaturas. Primeiro, instaura-se a anarquia, e dessa situação aproveita-se o tirano que, de pretenso defensor da ordem, transforma-se em lobo, impondo a força sobre todos. É o reino da injustiça.

Beethoven Simplício

Hobbes

Hobbes foi um dos principais filósofos inglês, e escreveu um dos maiores tratados políticos de todos os tempos o leviatã (1651) baseado na lenda do grande monstro homônimo.

O Leviatã é uma criatura imaginária, geralmente de grandes proporções, bastante comum no imaginário dos navegantes europeus da Idade média e moderna. O monstro era o governante de uma parcela de água onde nenhum navegante poderia entrar, a criatura era a mantedora da paz entre os peixes de seu território, no entanto era temida, pois reprimia toda forma de invasão dos barcos e toda forma de ameaça dos peixes maiores ao seu poder.

Hobbes pensa que o estado deve ter o comportamento do Leviatã, reprimir toda forma de ameaça ao seu poder, manter a segurança dos seus, reprimir a liberdade e manter-se sempre contra os invasores.

Hobbes foi um dos grandes influenciadores do iluminismo e a sobre o seu pensamento é importante observarmos o paradoxo de importância entre a segurança e a liberdade, entre a tirania e a anarquia.

Beethoven Simplício

Hierarquia e Dominação

Dentro de todas as sociedades, sejam elas micro ou macros, é inevitável não depararmos com diferenças existentes entre as categorias de indivíduos, sejam elas diferenças de gênero, sejam elas diferenças de geração. Mais uma terceira diferença social está ligada ao local hierárquico que o individuo ocupa na sociedade.

As posições hierárquicas refletem o status que o individuo está inserido numa divisão social, ora ele está no poder, ora está fora do mesmo. A hierarquia em um contexto macro-social na visão de uma sociedade cristã, ocidental, capitalista, está pautada principalmente na diferença de classes, onde o poder está com uma classe previlagiada economicamente, ou seja, a burguesia detentora dos meios de produção, e o proletariado que está ligado ao status de dominado, ou seja, o trabalhador assalariado. Pela ordem, essa divisão gera uma divisão social pautada numa lógica onde há um grupo dominador e um grupo dominado.

Dominador se diz daquele que em determinado momento exerce um comando sobre o outro individuo, que pode ser físico, legal, tradicional ou ideológico, este segundo individuo seria o dominado.

A dominação, ela não está ligada só e unicamente a divisão de classes, mas também nas divisões citadas no começo do texto: gênero e geração. Como bem sabemos, vivemos em uma sociedade machista, onde a mulher é desacreditada no sentido de exerce certa atividade dita de sua incapacidade, como cargos públicos no executivo ou serviços tradicionalmente masculinos como mecânica de automóveis ou carpintaria. Também sabemos que vivemos em uma sociedade cristã onde o pensamento cristão: Crescei-vos e multiplicai-vos (Genesis 1,22) é base para a satanização do sodomismo, (considera os homossexuais como indivíduos pecadores). Pautado nisso podemos refletir que o homem e o heterossexual estão no topo da dominação, em contra partida a mulher e o homossexual na outra extremidade do processo.

A mesma coisa acontece com as gerações, pensa-se pela experiência e pelo grau de inserção na cultura vigente que a geração mais antiga está na parte de cima da dominação, enquanto que o status dominado pertence a uma geração mais jovem, ou seja, menos experiente.

Ao contrário que possa parecer, o dominado não é somente só a única vitima da dominação, o dominador está preso a inevitável pressão de se estabelecer como dominador. O sociólogo Pierre Bordieu(1930 -2002), em seu livro A dominação masculina (1998), demonstra como o homem (dominador segundo a nossa sociedade machista) também é vitima da dominação. Se bem analisarmos, o caso da dominação masculina, dominador e dominado são vitimas da dominação. O homem por sua vez sente-se obrigado a fazer jus a sua posição, praticas como o cavalheirismo ou o fato de ser viril se torna muitas vezes essenciais.

Bordieu também coloca em seu trabalho o valor simbólico intrínseco na dominação masculina, basta observar as formas de educação e comportamento de homens e mulheres, a forma de se sentar ou de se vestir.

Estas formas sutis de dominação o autor vai chamar de Violência Simbólica, ou seja, não perceptíveis tão facilmente e fora da intenção direta do individuo.

Beethoven Simplício

terça-feira, 4 de maio de 2010

Gerações

Já parou pra pensar que quando nascemos tudo já estava pronto? Da roupa que iríamos usar nos primeiros dias de vida ao leite materno ou a religião que iríamos seguir, ou que queriam que seguisse. Tudo isso só é possível por conta das gerações que existiam antes de nós, não somente nossos pais e nossos avôs, mas todos os que constroem nossa cultura a milhares de anos.

Quando nascemos, começamos a ser inseridos dentro de uma cultura, aprendemos onde devemos realizar nossas necessidades fisiológicas, aprendemos um idioma, aprendemos que devemos brincar com bonecas ou carrinhos, aprendemos que temos hora de dormir, brincar, estudar e etc.... No entanto não perguntaram a nós se queríamos aprender isso ou não.

Por conta disso, surge um conflito de gerações. Para que entendemos melhor o que seria o conflito de gerações, primeiro gostaria de tratar da definição de termos, como “Adolescência” e “Juventude”. O termo adolescência tem referencia na psicológica, e se diz de uma fase da vida do individuo, já o termo juventude faz referência a possibilidade de se estudar sociologicamente a partir de padrões de comportamentos típicos de um grupo social, normalmente ligado a adolescência. Os primeiros estudos sociológicos sobre juventude foram realizados na década de 1920 e 1930, na cidade de Chicago nos EUA e tinha por temática a delinqüência juvenil. O estudo da sociologia focará na idéia de juventude e não de adolescência, pois mais interessa para sociologia os comportamentos de uma geração do que uma fase de desenvolvimento do individuo, as sociologia só vai se interessar pelo que for construção humana.

O comportamento da juventude na sociedade contemporânea ocidental toma novos moldes principalmente a partir da década de 60 e 70, com o surgimento de novas tendências culturais intituladas de contra-cultura. A partir dos comportamentos juvenis diferenciais surge um conflito de idéias entre a juventude e as gerações anteriores.

Nos anos 60 e 70, a juventude começou a ser considerada e analisada como suporte de uma cultura radicalizada, rebelde e conflituosa, a mesma procura afirmar uma autonomia em relação ao mundo dos adultos. Em parte, alguns movimentos juvenis induziam generalizações abusivas ao conjunto da juventude.

Nesse período, podemos destacar a ação do movimento hippie, que se contrapôs aos valores morais de sua época pregando ideais de “paz e amor”, criticando a sociedade de consumo e realizando intensa oposição à Guerra do Vietnã. Embalados pelo prazer, o uso de alucinógenos e o rock’n’roll mostraram um novo lugar para a juventude.

Muitos outros padrões de comportamentos viriam a surgir e se tronarem estandartes de suas gerações, como o movimento Punk, e atualmente as novas tribos urbanas como os Góticos e Emos, que trataremos em outros textos.